Segundo estudo do IPEA, “As vozes
da Nova Classe Média (Caderno 03)”, os pequenos empreendedores respondem por
40% dos postos de trabalho no país, sendo responsáveis por aproximadamente 40%
da massa salarial dos trabalhadores. Além disto, geraram nos últimos anos em torno de 40 milhões
de empregos, tendo-se remuneração média de R$ 1,2 mil por mês, o que corresponde
a uma massa de remuneração superior a R$ 500 bilhões (maior do que o PIB do
Chile, por exemplo).
De acordo com pesquisa da Global
Entrepreneurship Monitor (GEM) feita em 2010 com 59 países, o Brasil possui a
maior Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) – 17,5%. TEA é a proporção
de pessoas com idade entre 18 e 64 anos na condição de empreendedores de
negócios com menos de 42 meses de existência.
Dentro disto, é inegável tal
poderio para impulsionar a economia, principalmente pelas inovações
introduzidas no mercado, que são a força motriz para o início de novos ciclos
econômicos.
Para tanto, é preciso distinguir
o dualismo presente no empreendedorismo, no qual podemos classificá-lo em dois
grupos: Estratégia de Sobrevivência e Estratégia de Vida.
O primeiro tem maior adesão em
períodos difíceis da economia, sendo meio de
subsistência e, consequentemente, combate à pobreza, ou seja, a atividade
empreendedora é exercida até que novas oportunidades de emprego, com melhores
condições, apareçam. Já o último, caracteriza-se por empreendedores que
identificaram uma oportunidade e se lançaram para explorar seus talentos
empresariais.
Embora quando abordamos o assunto,
tratamos com exclusividade o grupo de Estratégia de Vida, nunca devemos
esquecer a opção do empreendedorismo como modo de sobrevivência, mesmo com
trabalhos improvisados, pois é uma alternativa para garantir a
subsistência de muitos, principalmente em períodos de recessão econômica,
evitando-se níveis maiores de pobreza.
Dentro disto, como criar políticas públicas para embarcar plenamente tal conceito?
Para o grupo de Estratégia de
Sobrevivência, é de extrema relevância o apoio de políticas assistencialistas e
de estímulo ao trabalho por conta própria. No programa Bolsa Família, por
exemplo, 38% dos beneficiários são trabalhadores por conta própria
(formalizados ou não), segundo dados do IPEA.
Em Arujá, seria importante: fortalecer a inserção do PRONATEC, intensificar a divulgação dos cursos
oferecidos pela Assistência Social (cabeleireiro, panificação, manicure, etc.), além
de ampliar o leque de cursos oferecidos pelo SENAI, como, por exemplo, pintura,
drywall, eletricista, encanador, azulejista, etc.
O grupo de Estratégia de Vida
gera maior externalidade à sociedade e crescimento econômico, uma vez que
produz maior riqueza dentro da formalidade, e, consequentemente, contribui para
o aumento da arrecadação de tributos, permitindo com que sejam direcionados mais
recursos para políticas sociais visando atender às classes mais vulneráveis.
Além disto, geram mais postos de trabalhos formais, com remuneração típica de
classe média.
Por esta contribuição, é
fundamental que o desenho das políticas públicas aborde os seguintes aspectos:
- Garantir, através de criação de mecanismos, que todo o talento empreendedor e empresarial do município se concretize;
- Uma Legislação que facilite a abertura de negócios e estimule seu pleno funcionamento;
- Promoção de um ambiente mais estável e previsível aos negócios;
- Serviços mais adequados às verdadeiras necessidades dos empreendedores.
Os maiores problemas que os
pequenos empreendedores enfrentam, segundo o estudo supracitado do IPEA, são, a
saber: condições mercadológicas desfavoráveis (baixo poder de barganha,
concorrência muito acirrada, instabilidade da demanda - sobretudo os de classe baixa); disponibilidade de
crédito (principalmente os de classes baixa e média) para aquisição de máquinas
e equipamentos adequados, que garantiriam maior produtividade; burocracia e
elevada carga de impostos (especialmente os de classe alta).
Nesta linha, há uma impressão de
que os pequenos empreendedores precisam muito mais de mercados atrativos e com
acesso facilitado do que informação e conhecimento, posto que no estudo em questão,
“apenas 3% veem na busca por melhor capacidade de gestão ou assistência
técnica, jurídica ou contábil um importante fator para melhorar seu desempenho”
(IPEA).
A resposta encontrada: “Dada a
clara insuficiência na formação profissional dos empreendedores brasileiros
face ao enorme esforço de ampliar a oferta, melhorar a qualidade e a adequação
dos serviços de formação e assistência técnica, o mais provável é que a
aparente baixa demanda por estes serviços resulte da falta de informação dos
empreendedores sobre a sua importância para a produtividade e a lucratividade
de seus empreendimentos” (IPEA).
Esta conclusão nos leva a
questionar se os serviços disponíveis, que estão mais centrados nas questões de
formação profissional e assistência técnica, estão adequados ou desenhados de
acordo com as necessidades dos pequenos empreendedores.
As iniciativas da prefeitura com
o lançamento da Sala do Empreendedor, por exemplo, são muito positivas, porém devem
estar intrinsecamente ligadas às necessidades dos empreendedores locais, que,
de modo correlato, são muito semelhantes ao estudo do IPEA abordando todo o
país.
Caio Araújo é Economista, Sócio da Consultoria Grupo Meu Negócio. Morador de Arujá, SP.
Caio Araújo é Economista, Sócio da Consultoria Grupo Meu Negócio. Morador de Arujá, SP.
CONFIRA:
Arujá tem 1.642 Microempreendedores Individuais formalizados, 2% da população do município.
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