Arujá entrou na rota dos
empreendimentos concomitantemente com o período de sua emancipação, no final da
década de 1950. Tais loteamentos, que deram origem aos primeiros condomínios,
foram utilizados, inicialmente, para a formação de chácaras de lazer.
Muitas famílias vinham de
São Paulo, nos finais de semana, somente para descansar e ter contato com a
natureza exuberante local, retornando, no domingo, a sua residência fixa, na
capital paulista.
Por conta disto, não houve
preocupação em criar uma infraestrutura adequada para atender estes munícipes,
dado o caráter temporário de sua permanência.
Com a expansão da cidade
de São Paulo e os efeitos negativos decorrentes, Arujá, dada sua proximidade
aos grandes centros e sua localização privilegiada - às margens da rodovia
Presidente Dutra - passou a se tornar atrativa não apenas pelo lazer, mas,
agora, também, para se ter residência fixa.
Nesta linha, sobretudo, a
partir da década de 80, iniciou-se um processo de crescimento acelerado da
população. Em apenas 10 anos, dobrou-se o número de habitantes (saindo de
17.929, em 1980, para 34.689, em 1990). Neste ínterim, houve o fortalecimento
de um movimento pendular, tornando Arujá uma cidade-dormitório.
Mesmo com este ritmo de
crescimento, novamente falhou-se em analisar o pano de fundo e as tendências
deste cenário, tendo-se parcos investimentos no que tange a políticas públicas
necessárias para melhor atendimento desta população (empregos, renda,
hospitais, vias urbanas adequadas, escolas, saneamento básico, lazer, etc.),
tampouco não se fomentou medidas para a ascendência de um comércio e serviços
pujantes, visando incentivar o consumo local.
Com a chegada de novas
e grandes empresas ao município, as quais criaram o Centro e o Polo
Industrial da cidade, este crescimento populacional se fortaleceu ainda mais.
Para se ter ideia, Arujá, no ano 2000, já tinha mais de 60.000 habitantes.
Este incremento gerou
sérios problemas por conta do loteamento de áreas consideradas de proteção a
mananciais (APM), as quais foram ocupadas de maneira desordenada.
Sob tal perspectiva, o
poder público implantou políticas para tentar mitigar os imbróglios, tentando
construir os pilares necessários, porém, ficaram aquém do esperado,
principalmente por não terem um caráter inovador (particularmente, chamo-as de
"política de arroz com feijão") e não estarem dentro de um arcabouço
de longo prazo, tendo-se um planejamento estratégico, visando traçar uma
identidade para a cidade.
Hoje, com 84.000
habitantes, urge a necessidade de Arujá, que ainda é considerada uma
cidade-dormitório (segundo o último Censo/IBGE, quase 15 mil pessoas se
deslocam para os outros municípios para trabalhar), inovar-se.
A economia arujaense
logrou grande avanço na última década, porém, ficará estagnada e irá
retroceder, caso o município não opte por políticas antenadas aos movimentos
globais, removendo as velhas ideias locais de se governar.
Alguns pontos são
gritantes: ainda há grandes barreiras para a abertura de qualquer tipo de
empresa, os talentos da cidade não são incentivados a permanecer (ambiente
adverso ao empreendedorismo), o potencial agroecoturístico não é explorado (não
existe política de turismo), polo acadêmico desguarnecido e não integrado as
empresas locais e regionais (ETEC e SENAI não recebem a devida importância).
Mesmo com um mercado
consumidor com potencial de mais de R$ 1,3 bilhão por ano, segundo dados do IPC
Marketing/SEBRAE, o comércio e serviço local não são fortes (moradores ainda
saem da cidade para fazer compras, principalmente, nas datas comemorativas).
O mundo está em uma
velocidade insana de mudança e as cidades que não seguirem esta locomotiva,
irão ficar reféns do atraso e não terão recursos para implantar políticas para
gerar desenvolvimento.
Por conta disto, a Cidade
Natureza deve desenvolver uma economia local forte, moderna, dinâmica,
competitiva, criativa e atrativa para os negócios, de modo inteligente, sem
comprometer as gerações futuras, sendo um ambiente onde os talentos queiram
ficar.
Para tal, deve-se
priorizar quatro fatores, a saber: Sustentabilidade, Criação de
Oportunidade para Todos, Tecnologia e Inovação.
Sob tal perspectiva, 10
medidas estratégicas se fazem necessárias:
1) Programa de Incentivo Fiscal para a atração e/ou expansão de
empresas que estão dentro do perfil econômico e das vantagens competitivas do
município;
2) Desburocratização para abertura de empresas;
3) Implantação de Política de Turismo, visando desenvolver o
potencial agroecoturístico local, o qual é compatível com às áreas de proteção
de manancial e a questão da sustentabilidade;
4) Programa de Capacitação do Trabalhador, visando aumentar a
empregabilidade no município e apoiar, sobretudo, o comércio, serviço e a
indústria na questão da qualidade da mão de obra;
5) Modernização do Espaço Empreendedor com total suporte à formação
de empreendedores, aos empresários locais e à atração de novos investidores,
inclusive estrangeiros, centralizando todo o processo relativo à busca,
geração, gestão e/ou expansão de negócios (informações sobre as características
econômicas, potencial de mercado arujaense, palestras, workshops, validação de
negócios, fontes de financiamento, captação de recursos, busca de novos
mercados nacionais e internacionais, etc.);
6) Reformulação, Expansão e Descentralização do Centro de Convivência
da Criança e do Adolescente do Centro (antigo Pró-Menor), com mais opções de
cursos e vagas ligadas ao perfil das empresas instaladas no município e na
região;
7) Fomento a cultura empreendedora com programas nas escolas de
ensino fundamental e médio, Feira do Jovem Empreendedor, além de apoio a
produções criativas e inovadoras;
8) Integração entre os setores produtivos, as escolas técnicas (ETEC
e SENAI) e faculdades para inovação e geração de novas tecnologias, além do
fortalecimento da ligação entre o polo acadêmico e o empresarial, tendo-se
incentivo, por parte do poder público, para contração de aprendizes e
estagiários da cidade;
9) Fomento para a instalação de incubadoras e startups no município;
10) Criação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico,
integrando-se o poder público, empresas, associações e a comunidade visando
acompanhar as metas estabelecidas, debater os gargalos ao avanço econômico,
propor novas medidas, além de construir um plano de desenvolvimento de longo
prazo: “Arujá: 2017-2037”, direcionando os esforços para onde o município quer
estar.
Caio Araújo é Economista, Sócio da Consultoria Grupo Meu Negócio. Morador de Arujá, SP.
Caio Araújo é Economista, Sócio da Consultoria Grupo Meu Negócio. Morador de Arujá, SP.